quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Reflexões da minha caminhada.


Que reflexões você propõe a partir da sua experiência de trilhar entre as culturas da cidade?
Obedecendo ao critério de tornar estranho o familiar, sai de casa numa manhã de setembro e comecei a trilhar um caminho cotidiano em minha vida: visitar meus pais. Geralmente faço o percurso de carro, olhando para a rua sem ver, se é que você me entende, e logo no início do percurso observei coisas nunca notadas por mim, outras a muito esquecidas, confesso que neste meu olhar vi coisas que não gostei, como os sacos de lixo pretos jogados na  calçada da lanchonete que fica no quarteirão da minha casa; mas vi coisas esquecidas, como o verde e as flores da praça, sem falar no cheirinho de mato. O teatro local é usado como Secretaria da educação e poucas peças são apresentadas ali, embora tenha uma infra-estrutura perfeita. Não pude deixar de pensar no que poderia ser feito para mudar esse quadro. Ao entrar no Forum para desejar bom dia a minha amiga Simone lembrei que o marido dela, Wagner Fernandes, é cantor além de oficial de justiça e vi ali uma grande possibilidade de ter encontrado minha porta de entrada. Wagner e Simone perderam o filho pequeno num acidente de carro anos atrás e não estavam conseguindo superar essa perda, mas Deus é tão amoroso que através da letra de uma musica deu alivio a eles e com isso Simone passou a compor e Wagner a cantar, já tendo dois Cds gravados. Segui em direção a Escola técnica José de Assis, olhando casas de pessoas conhecidas que a muito não visito, algumas com a pintura envelhecida, jardins que outrora eram belos agora descuidados. Outras casas foram reformadas, tiveram suas fachadas mudadas e vi que novas casas estavam sendo construídas no terreno antes vago em frente a Escola Técnica. Fiquei envergonhada ao perguntar a uma amiga o que fazia em frente a uma casa quase pronta e ela me disse que a casa era dela. Assim fui percebendo o quanto passamos todos os dias por uma rua e a correria do dia a dia não nos deixa perceber as mudanças na arquitetura, no urbanismo, na vida das pessoas...  Entrei na Escola técnica e fui falar com a diretora, Luzia Cândida Oliveira para apresentar a proposta do setágio e a possibilidade de ter encontrado ali minha porta de entrada. Senti muita vergonha quando me sentei no seu gabinete e vi o quanto ela envelheceu com a perda do filho dias atrás e eu nem sequer a visitei. É estranho como vamos nos envolvendo com negócios, estudos, interesses pessoais e deixamos o mais importante que são as pessoas em segundo plano. Fui muito bem recebida por ela, que me falou sobre os cursos que estão sendo ministrados neste semestre, como os tradicionais corte e costura, bordado e básico em informática além dos cursos de pintura em tela, em tecido e trabalhos de crochê e no tear. Revi ali muita coisa bonita, sem falar que matei a saudade da minha antiga mestra de bordado a maquina, a D. Nelli Vieira Campos Rocha, que como sempre cria coisas lindas. Depois segui para a casa dos meus pais passando pela porta do hospital municipal e observei que continua lotado como sempre, e o engraçado é que são praticamente as mesmas pessoas. Passei pela entrada do Abrigo dos idosos, cumprimentei um antigo funcionário da nossa fazenda e continuei minha caminhada até a casa dos meus pais.
Finalizando minha reflexão, constato que essa experiência abriu meus olhos para muitas possibilidades culturais alicerçadas nas já existentes e mudou minha maneira de ver minha cidade e sua cultura. Muita coisa e pessoas interessantes estavam passando despercebidas  debaixo do meu nariz. Revi conceitos e a soma de tudo isso foi muito proveitosa.

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