quinta-feira, 21 de outubro de 2010

LEITURA INSPIRADA.




Caminhada em busca da cidade educadora.

Dia claro céu sem nuvens e sol escaldante não me impedem de caminhar em busca da minha porta de entrada. A entrada da cidade é a porta que acolhe a todos calorosamente, sigo por lá caminhando pelas ruas limpas e arborizadas, agradecendo a Deus por morar em um lugar tão agradável.
Vejo a rodoviária local com outros olhos, não mais como um lugar aonde as pessoas chegam e se vão. Imagino quantas histórias esse lugar deve guardar. Casos de chegadas alegres e idas chorosas.
No próximo quarteirão um hotel novo, recém reformado, mas com um histórico antigo. Ali já foi um museu de animais empalhados, o sonho realizado da antiga dona, que recebia a criançada da cidade sempre sorridente.  
Ao lado onde era o antigo cinema é hoje a Igreja Assembléia de Deus onde passo boa parte da minha semana, e que tem feito um excelente trabalho social, ajudando na inclusão social dos dependentes químicos.
Passando pela entrada do Colégio Belmiro Soares onde estudei vejo jovens saindo da aula, com a força da juventude achando que podem passar pela vida sem cicatrizes.
Prossigo minha caminhada observando que o teatro municipal é usado apenas como sede da Secretaria da Educação, e amarga minha alma saber que lá tem uma infra estrutura excelente para a apresentação de peças teatrais.
É interessante como o conhecido pode se tornar estranho.... Depende da ótica de quem vê. O Fórum local é uma porta de entrada em potencial, guarda em seus arquivos a história de tantas vidas, suas derrotas e vitórias.
Vejo a praça da Matriz e a Igreja, o prédio do Ministério Público, lugares de lazer como o ginásio de esportes, o Clube Recreativo, o Hospital Municipal. São tantas as possibilidades de se trabalhar dentro da proposta da cidade educadora. E sigo caminhando...
Enfim, após dúvidas e certezas encontro minha porta de entrada: a “Escola Técnica Deputado José de Assis”. Este é o local que escolhi e que me acolheu para trabalhar meu projeto, baseado nos trabalhos maravilhosos e nas histórias absorventes de Dona Nelly e suas colaboradoras. Como canta Maria Eugenia na musica “Companheiro” não é preciso muito para mudar conceitos e apresentar o novo, é necessário apenas que a mudança ocorra primeiro em nós e depois que sejamos ousados como crianças que cantam a vida!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

LEITURA METÓDICA




     Ao caminhar pela cidade, tornando estranho o familiar, em busca da minha porta de entrada, observei as possibilidades que me foram oferecidas pela cidade e optei pela “Escola Técnica José de Assis”, situada à Rua Oscar Bernardes, Centro, por proporcionar o espaço e as oportunidades buscadas nesta proposta.
    Fui apresentada aos professores e alunos dos cursos oferecidos pela diretora Luzia Cândida Oliveira, que recebeu minha carta de apresentação e abriu as portas da escola para mim. Cito em especial a professora Nelly Vieira Campos Rocha pelo seu excelente trabalho de bordado a máquina. Ela é moradora antiga da cidade e todas as bordadeiras locais aprenderam com ela, que também ensina bordado industrial, mas prefere o bordado artesanal. É uma pessoa muito querida na cidade pela sua humildade e competência.
    A Escola Técnica José de Assis é um lugar movimentado, pois entram e saem alunos de hora em hora e por isso imagino que lá poderei desenvolver satisfatoriamente meu projeto tendo em meta a cidade educadora. 

                                        Entregando minha carta de apresentação.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Reflexões da minha caminhada.


Que reflexões você propõe a partir da sua experiência de trilhar entre as culturas da cidade?
Obedecendo ao critério de tornar estranho o familiar, sai de casa numa manhã de setembro e comecei a trilhar um caminho cotidiano em minha vida: visitar meus pais. Geralmente faço o percurso de carro, olhando para a rua sem ver, se é que você me entende, e logo no início do percurso observei coisas nunca notadas por mim, outras a muito esquecidas, confesso que neste meu olhar vi coisas que não gostei, como os sacos de lixo pretos jogados na  calçada da lanchonete que fica no quarteirão da minha casa; mas vi coisas esquecidas, como o verde e as flores da praça, sem falar no cheirinho de mato. O teatro local é usado como Secretaria da educação e poucas peças são apresentadas ali, embora tenha uma infra-estrutura perfeita. Não pude deixar de pensar no que poderia ser feito para mudar esse quadro. Ao entrar no Forum para desejar bom dia a minha amiga Simone lembrei que o marido dela, Wagner Fernandes, é cantor além de oficial de justiça e vi ali uma grande possibilidade de ter encontrado minha porta de entrada. Wagner e Simone perderam o filho pequeno num acidente de carro anos atrás e não estavam conseguindo superar essa perda, mas Deus é tão amoroso que através da letra de uma musica deu alivio a eles e com isso Simone passou a compor e Wagner a cantar, já tendo dois Cds gravados. Segui em direção a Escola técnica José de Assis, olhando casas de pessoas conhecidas que a muito não visito, algumas com a pintura envelhecida, jardins que outrora eram belos agora descuidados. Outras casas foram reformadas, tiveram suas fachadas mudadas e vi que novas casas estavam sendo construídas no terreno antes vago em frente a Escola Técnica. Fiquei envergonhada ao perguntar a uma amiga o que fazia em frente a uma casa quase pronta e ela me disse que a casa era dela. Assim fui percebendo o quanto passamos todos os dias por uma rua e a correria do dia a dia não nos deixa perceber as mudanças na arquitetura, no urbanismo, na vida das pessoas...  Entrei na Escola técnica e fui falar com a diretora, Luzia Cândida Oliveira para apresentar a proposta do setágio e a possibilidade de ter encontrado ali minha porta de entrada. Senti muita vergonha quando me sentei no seu gabinete e vi o quanto ela envelheceu com a perda do filho dias atrás e eu nem sequer a visitei. É estranho como vamos nos envolvendo com negócios, estudos, interesses pessoais e deixamos o mais importante que são as pessoas em segundo plano. Fui muito bem recebida por ela, que me falou sobre os cursos que estão sendo ministrados neste semestre, como os tradicionais corte e costura, bordado e básico em informática além dos cursos de pintura em tela, em tecido e trabalhos de crochê e no tear. Revi ali muita coisa bonita, sem falar que matei a saudade da minha antiga mestra de bordado a maquina, a D. Nelli Vieira Campos Rocha, que como sempre cria coisas lindas. Depois segui para a casa dos meus pais passando pela porta do hospital municipal e observei que continua lotado como sempre, e o engraçado é que são praticamente as mesmas pessoas. Passei pela entrada do Abrigo dos idosos, cumprimentei um antigo funcionário da nossa fazenda e continuei minha caminhada até a casa dos meus pais.
Finalizando minha reflexão, constato que essa experiência abriu meus olhos para muitas possibilidades culturais alicerçadas nas já existentes e mudou minha maneira de ver minha cidade e sua cultura. Muita coisa e pessoas interessantes estavam passando despercebidas  debaixo do meu nariz. Revi conceitos e a soma de tudo isso foi muito proveitosa.